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Os Judeus em Portugal

Presen�a e Mem�ria

Esther Mucznik

H� mais de um s�culo, precisamente em 1880, um homem lan�ava um apelo � uni�o dos judeus de Lisboa e � "constitui��o da col�nia israelita de Lisboa". Esse homem chamava-se Abraham Anahory, mas s� viu o seu sonho realizado 17 anos depois, em 1897, quando sob o en�rgico impulso de um outro Anahory, Sim�o, teve lugar a 14 de Mar�o a que ficou conhecida como a "Sess�o inaugural do Comit� Israelita de Lisboa".

Hoje, nomes como, Anahory, Zagury, Bensabat, Bensa�de, Abecassis, Buzaglo e tantos outros, nomes ligados � funda��o da Comunidade Israelita de Lisboa e a todas as suas institui��es, esses nomes j� n�o constam dos registos dos actuais membros da Comunidade.

Por que raz�o? Morreram sem deixar descend�ncia?

� provavelmente o caso de alguns, mas na esmagadora maioria dos casos, esse desaparecimento d�-se por assimila��o. Ou seja, a extremamente bem conseguida integra��o social dos judeus portugueses, nos s�culos XIX e XX, levou e continua a levar � sua assimila��o pura e simples pela sociedade cat�lica maiorit�ria, nomeadamente atrav�s da convers�o pelo casamento.

Este meu trabalho sobre os judeus em Portugal tem como pano de fundo uma quest�o, que sempre tem atormentado a di�spora judaica, embora seja comum a todas as minorias: como manter viva uma identidade espec�fica, sem cair no isolacionismo? Como participar plenamente na cidadania comum, impedindo a assimila��o pura e simples? Velha quest�o, mas que hoje em �poca de liberdade, de reconhecimento dos direitos das minorias, coloca novos desafios e exige novas respostas.

Regresso dos Judeus ou do Juda�smo?

Quando se fala da presen�a contempor�nea� dos judeus em Portugal, fala-se normalmente do seu regresso nos princ�pios do sec.XIX, coincidindo com o enfraquecimento da Inquisi��o e a sua aboli��o em 1821. Mas seria mais rigoroso falar em regresso do juda�smo, em vez de regresso dos judeus.

De facto, apesar de alguns dos nomes dos judeus que se instalaram em Portugal em princ�pios do sec. XIX, evocarem eventualmente as suas terras de origem ib�rica (Cardoso, Pinto, Sequerra, Conquy) e indicarem, portanto uma origem sefardita remota, a maioria eram cidad�os origin�rios de Marrocos e de Gibraltar, em busca de melhores condi��es de vida, cujo "regresso" seria dif�cil de provar� e de cuja eventualidade eles n�o teriam certamente nem mem�ria nem consci�ncia.

Esta aus�ncia de continuidade hist�rica vai pesar mais tarde nas rela��es, nem sempre f�ceis que a Comunidade Israelita de Lisboa ter� com os marranos portugueses e nomeadamente com o grande movimento de retorno ao juda�smo oficial, por parte de numerosos cripto-judeus portugueses nos anos 20, j� no nosso s�culo.

Ali�s, de uma forma ou de outra, os judeus portugueses �est�o permanentemente confrontados e cada vez mais com a mem�ria de outras presen�as, nomeadamente, a presen�a da comunidade judaica portuguesa de antes da expuls�o ou a comunidade crist�-nova do tempo da Inquisi��o. S�o, podemos diz�-lo, presen�as ausentes mas que actuam no inconsciente colectivo da mem�ria portuguesa, fornecendo-lhe refer�ncias e sobretudo estere�tipos.

Grupos de judeus� instalaram-se como tal em Portugal, logo no in�cio do sec. XIX, mesmo antes da aboli��o da Inquisi��o, que s� ter� lugar oficialmente e por decreto do Governo Revolucion�rio, a 31 de Mar�o de 1821.

Vindos essencialmente de Marrocos e de Gibraltar, instalaram-se fundamentalmente em Lisboa, nos A�ores e em Faro. Eram pessoas com n�vel cultural acima da m�dia, sabendo ler e escrever e falando, para al�m do hebraico lit�rgico, o ingl�s ou o �rabe e o haquitia, dialecto judaico-hispano-marroquino. Tinham numerosos contactos internacionais, n�o s� devido �s actividades comerciais, mas tamb�m devido aos la�os familiares espalhados pelo mundo. Estes factores explicam o seu r�pido florescimento econ�mico e cultural.

Os judeus que se instalaram em Lisboa, vindos, em grande parte, de Gibraltar, mantiveram cautelosamente a sua cidadania brit�nica. Data de 1801 a obten��o de um pequeno terreno, no cemit�rio ingl�s da Estrela, para inuma��o dos mortos segundo o ritual judaico e a primeira sepultura � a de Jos� Amzalaga, falecido a 26 de Fevereiro de 1804, segundo o epit�fio inscrito.

Em 1810, j� havia em Lisboa tr�s pequenos centros de ora��o que funcionavam em casas particulares, mas a primeira sinagoga p�blica data de 1813 e foi criada pelo Rabino Abraham Dabella com o nome de Shaar Hashamaim (P�rtico do C�u), que era tamb�m o nome da velha comunidade sefardita de Londres.

Para os judeus portugueses, o sec. XIX � marcado por dois combates paralelos , mas intimamente relacionados:

bullet o esfor�o para unificar e reunir numa �nica comunidade, as diferentes congrega��es, separadas por rivalidades internas. Este esfor�o s� ser� coroado de �xito� em finais do s�culo , em primeiro lugar, com a unifica��o dos servi�os de Shehit� (abate ritual da carne) em 1894� e, em seguida, com a elei��o em 1897 do primeiro Comit� Israelita de Lisboa e de uma comiss�o para a edifica��o de uma sinagoga �nica e digna desse nome.
bullet a luta pelo reconhecimento oficial da comunidade. Com efeito, o fim da Inquisi��o n�o significou liberdade religiosa. A Carta Constitucional de 1826 reconhecia apenas o catolicismo como a �nica religi�o oficialmente permitida aos portugueses, remetendo os outros cultos para o foro privado dos estrangeiros.

O terreno para edificar a Sinagoga de Lisboa "Shaar� Tikv�" (Portas da Esperan�a) teve de ser comprado em nome de pessoas particulares e a pr�pria sinagoga, inaugurada em 1904, obrigatoriamente constru�da sem fachada para a rua, porque era proibido, ainda nessa �poca, a visibilidade de um templo que n�o fosse de religi�o cat�lica.

H�, no entanto, dois alvar�s reais reconhecendo implicitamente, embora ainda n�o formalmente, a exist�ncia da comunidade judaica de Lisboa. �O primeiro � um alvar� do rei D. Lu�s, datado de 1868, reconhecendo aos "judeus de Lisboa a permiss�o de instalar um cemit�rio para a inuma��o dos seus correligion�rios". Trata-se do cemit�rio da Cal�ada das Lages ainda hoje utilizado.

O outro alvar�, de 1892, emana do Governo Civil e ratifica os estatutos da" Associa��o Guemilut Hassadim, irmandade israelita de socorros m�tuos na hora extrema e funerais". Ambos t�m uma import�ncia hist�rica real porque representam, de facto, um reconhecimento da exist�ncia legal da religi�o judaica, em Portugal.

No entanto, s� a implanta��o da Rep�blica reconhece � Comunidade Israelita exist�ncia legal: os estatutos� elaborados em 1900 e nunca reconhecidos oficialmente s�o, depois de modificados em Assembleia Geral de 1911, finalmente aprovados, em Alvar� do Governo Civil, a 9 de Maio de 1912.Com efeito, s� a partir dessa altura, a comunidade judaica portuguesa passa a ter exist�ncia legal em Portugal, 416 anos depois do �dito de expuls�o de D. Manuel, 91 depois da extin��o da Inquisi��o.

Como podemos caracterizar os judeus� do sec. XIX e in�cio do sec. XX?

Em primeiro lugar, s�o homens bem sucedidos nos neg�cios: entre as numerosas casas comerciais criadas no sec. XIX, encontramos a Casa Levy� & C�, criada em 1807,comercializando essencialmente o azeite, a Casa Bensa�de e C�, fundada em 1872, para o com�rcio mar�timo e navega��o, os Cardoso, na chapelaria, a retrosaria Afflalo, a Buzzaglo e C� e a Abecassis Irm�os e C.� , nos produtos qu�micos, e tantas outras.

Tamb�m se destacam noutros campos: na pol�tica, Levy Bensabat e o filho Marcos Bensabat, na luta contra o absolutismo de D.Miguel, chegando o primeiro a ser preso; nas letras e artes, Joshua Benoliel, praticamente o criador da reportagem fotogr�fica em Portugal, Maur�cio (Mois�s) Bensa�de, cantor l�rico e depois administrador do Teatro de S. Carlos; na medicina e nas ci�ncias, o Dr Mark Anahory Athias, Alfredo Bensa�de e tantos outros.

S�o, pois, homens bem sucedidos e bem integrados na sociedade portuguesa. Mas s�o, tamb�m homens e mulheres profundamente religiosos e que praticam a benefic�ncia como parte integrante e decorrente dessa religiosidade.

Existem in�meros exemplos dessa religiosidade:

bullet Em 1882 � criada a organiza��o Ozer Dalim, por Moses Amzalak. O objectivo desta institui��o era fornecer aos israelitas pobres alimentos para o S�bado, de maneira a que pudessem respeitar "um dever de consci�ncia e, ainda mais, um dever para eles pr�prios: o descanso semanal" (Boletim n�1 da C.I.L -!912)
bulletpara al�m desta organiza��o de car�cter essencialmente religioso, muitas outras se criam com objectivos de benefic�ncia - a Somej-Nophlim (Amparo dos Pobres), em1865, por Sim�o Anahory;� a Cozinha Econ�mica, em 1899, por Le�o Amzalak, a Aula de Costura, para meninas pobres em 1909...
bulletum outro exemplo dessa religiosidade � o facto de quase todos os judeus de Lisboa comerem carne "casher" (pr�pria para consumo, segundo as regras judaicas). J� em 1859, havia em Lisboa� dois "shohatim" (funcion�rios do abate ritual), como� atesta um contrato passado entre eles e a Sinagoga Etz Haim (�rvore da Vida), no dia 1 de Dezembro desse ano. Ali�s, as actas das reuni�es realizadas ao longo do sec. XIX e parte do sec. XX reflectem a preocupa��o que sempre constituiu o abastecimento de carne "casher".

A Consolida��o

Reconhecida oficialmente, e beneficiando de um clima pol�tico e ideol�gico mais aberto, a Comunidade Israelita tem uma margem de manobra maior e vai aproveit�-la para desenvolver e consolidar as suas institui��es.

Logo em 1912 s�o eleitos os primeiros corpos gerentes da Comunidade Israelita de Lisboa: Isaac Levy� que, com Sim�o Anahory, foi o grande obreiro da unifica��o da Comunidade e da edifica��o da Sinagoga, foi o primeiro presidente; Elias Anahory, Vice-Presidente e Mois�s Bensabat Amzalak, 2� Secret�rio, integrando assim desde o in�cio uma direc��o da qual s� sair� � sua morte em 1978, ou seja 66 depois. Abraham Bensa�de, j� Presidente Honor�rio do Comit� Israelita desde 1897, � de novo reeleito em 1912.

Nesse mesmo ano, a Comunidade cria o Boletim, elo de liga��o e corrente de informa��o, entre o comit� directivo e os seus membros, que ser� publicado at� 1919, saindo seis n�meros. Funda tamb�m, a Associa��o de Estudos Hebraicos Ub�-Le-Sion, em Dezembro de 1912, organiza��o de car�cter cultural e sionista, dirigida por Adolfo Benarus. Em conjunto com a associa��o portuense Malakah Sionith, fundada e presidida pelo Capit�o de Barros Basto, em 1915, ser� criada a Federa��o Sionista de Portugal, em 1920.

�Em 1914, � criada a Biblioteca Israelita a funcionar nas instala��es da Sinagoga e em 1916,� o Albergue Israelita, embri�o do futuro Hospital Israelita, na Travessa do Noronha, onde passa tamb�m a funcionar a Cozinha Econ�mica. Esta �ltima j� tem nessa �poca um papel muito importante: segundo os relat�rios desta institui��o, em 1899, ano da sua cria��o, foram servidos 4.972 jantares, em 1916� foram servidos 10.484.

Em 1922, Adolfo Benarus consegue realizar o seu sonho: � inaugurada a 23 de Outubro, na TV. do Noronha, a Escola Israelita, presidida por Sofia Abecassis. Adolfo Benarus � o director pedag�gico. " A escola recebe crian�as a partir dos 4 anos de idade e as disciplinas leccionadas s�o : Ensino Infantil (dos 4 aos 7 anos), Ensino Prim�rio Geral (a partir dos 7 anos), que habilita ao exame de admiss�o aos liceus, Hist�ria do povo de Israel, L�ngua Hebraica, L�ngua Inglesa, L�ngua Francesa, Gin�stica M�dica e Costura e Bordados (sexo feminino)". (Folheto da Direc��o da Escola, de 2 de Mar�o de 1923).

Em 1925, � a vez do Hehaver, organiza��o da juventude israelita, de car�cter sionista, e que ter� um importante papel na dinamiza��o do apoio aos refugiados durante a II Guerra.

Em 1928 sai o 1� e �nico n�mero da Revista de Estudos Hebraicos, publicada pelo Instituto de Estudos Hebraicos de Portugal, dirigida por Moses Bensabat Amzalak. Conta com colabora��es de grande qualidade, entre as quais, Jos� Leite de Vasconcelos, Joaquim de Carvalho e Augusto da Silva de Carvalho, al�m de Artur Carlos de Barros Basto, Adolfo Benarus e o pr�prio Moses B. Amzalak.

O per�odo entre as duas guerras e mais precisamente a 2� e 3� d�cada do sec. XX, � pois um per�odo de pujan�a para o juda�smo portugu�s.

� tamb�m um per�odo de chegada de imigrantes da R�ssia e da Pol�nia, nomeadamente devido a persegui��es anti-semitas .� Estas pessoas v�o-se integrando na comunidade, umas mais facilmente, outras com maior dificuldade como mostra o apelo dirigido � " Col�nia Judeo-Polaca....para tratar� da (sua) participa��o mais intensa e numerosa em todas as institui��es da Comunidade Judaica de Lisboa". Este apelo � assinado por elementos asquenazim (oriundos da Europa Central e Oriental) pertencentes aos corpos gerentes da C.I.L., W. Terlo, S. Sorin, Bromberg e S. Schwarz.

Mas, contrariamente a uma ideia corrente, apesar de ter crescido , a comunidade n�o era muito maior do que � hoje. Em 1916, havia cerca de 180 chefes de fam�lia inscritos em Lisboa, o que representaria cerca de 800 a 1000 judeus. Nesse mesmo ano, nasceram 18 crian�as e enterraram-se 12 pessoas. N�o era, pois, em tamanho, uma comunidade muito maior. Era, sim, uma comunidade mais participativa, que vivia a sua identidade com� maior consci�ncia. Uma comunidade mais praticante, para quem a Sinagoga era, de facto, a casa comum e as suas institui��es uma forma de praticar a sua religi�o.

O fen�meno Cripto-Judaico

Paralelamente ao desenvolvimento do juda�smo lisboeta, para o qual tamb�m v�m convergir� os judeus das comunidades dos A�ores e de Faro, assiste-se nomeadamente nos anos 20 e 30� a um fen�meno de retorno ao juda�smo aberto, por parte de numerosos cripto-judeus, no Norte e no Nordeste do pa�s. Sob o impulso en�rgico e apaixonado de um homem, o Capit�o de Barros Basto, ele pr�prio marrano convertido ao juda�smo oficial, criam-se comunidades e sinagogas nalguns dos principais centros de cripto- juda�smo, Porto, Bragan�a, Covilh�, Belmonte...

Contrariamente ao juda�smo lisboeta, relativamente circunscrito e bem integrado na sociedade, a rebeli�o marrana assusta o poder e sobretudo a igreja. Trata-se, de facto, de homens e mulheres que sacodem as suas apar�ncias cat�licas e afirmam, � luz� do dia, as cren�as e pr�ticas seculares judaicas. Emergem das sombras para onde a Inquisi��o os relegou, instabilizam aldeias e vilas, hierarquias e poderes. N�o lhes perdoar�o: acusado de atentado � moral, o "Ap�stolo dos Marranos" ser� afastado do ex�rcito e o seu prest�gio muito abalado, dificultando e enfraquecendo a sua obra.

A an�lise das raz�es que levaram ao fracasso do movimento n�o cabem no �mbito deste trabalho.

Em contrapartida, � interessante analisar a forma como reagiu a Comunidade de Lisboa a este fen�meno.

Efectivamente a leitura das actas do Comit� da Comunidade mostra-nos opini�es diferentes a este respeito: enquanto que Abraham Levy protesta contra as "circuncis�es dos crist�os novos, porque n�o temos nenhuma autoridade religiosa que assuma a responsabilidade destes actos" e Samuel Sorin considera a Comunidade em forma��o do Porto "uma seita, porque as ora��es que viu n�o o satisfizeram por serem falhas do ritual tradicional ortodoxo", Moses Amzalak, Samuel Schwartz e Adolfo Benarus t�m um vis�o muito mais vasta e favor�vel ao movimento. (Actas das sess�es do Comit� de 21 de Abril e 27 de Outubro de 1927)

Nomeadamente, o prof. Amzalak defende que sejam feitas as circuncis�es de crist�os novos, argumentando que "para o caso do ingresso dos cripto judeus no seio do juda�smo tinha sido consultado a seu tempo o Gr�o Rabino da Palestina, Rev. Jacob Meir que se declarou abertamente a favor do ingresso dos referidos cripto-judeus, logo que esteja averiguada a sua qualidade de descendentes dos nossos antigos irm�os for�ados a aceitarem o cristianismo para fugirem �s persegui��es." (mesmas actas)

Amzalak enaltece a obra de Barros Basto, considerando a sua obra "admir�vel e ele possui qualidades �nicas para a realizar, pois al�m de ser um ap�stolo pela sua miss�o at� ao sacrif�cio da vida, � tamb�m um militar ilustre do ex�rcito portugu�s, o que politicamente d� a garantia de que nunca a sua obra poder� ser acusada de anti-portuguesa."

� tamb�m sob proposta de Mois�s Amzalak que � votado, na reuni�o de 21 de Abril de 1927, um subs�dio de 100$ " ao jornal israelita Halapid, publicado na cidade do Porto, sob a direc��o do C�. Barros Bastos. E, na reuni�o do Comit�, de 19 de Dezembro do mesmo ano, Amzalak anuncia a funda��o pelo Capit�o de uma nova comunidade em Bragan�a e que " sendo prov�vel que novas comunidades se venham a formar entre os cripto judeus que entrarem no juda�smo tradicional, se figurava tanto ao Sr. Barros Bastos como ao Sr Amzalak que seria �til...se fundasse um corpo directivo que exerceria por assim dizer uma ac��o orientadora sob a qual se reuniriam todas as comunidades de Portugal, tendo j� sido elaborado pelo pr�prio Barros Basto, o projecto das bases desse organismo." (acta da reuni�o)

No entanto, a Comunidade Israelita de Lisboa considera que,� como representante da ortodoxia, deve ser ela a auxiliar e orientar todas as outras que est�o em vias de desenvolvimento� em Portugal. Nomeadamente, Samuel Schwartz e Adolfo Benarus discordam da orienta��o de B. Basto, no campo da educa��o das crian�as cripto judaicas, considerando que esta se deve fazer em Lisboa, em conjunto com as crian�as judias " do que resultaria uma grande vantagem sob todos os pontos de vista, inclusive o dos casamentos no futuro". (Adolfo Benarus, reuni�o do Comit� de 8 de Junho de 1930). Tamb�m S. Schwartz considera fundamental que" se abram escolas� onde a educa��o das juventudes crist�-nova e judia se fa�a de forma a realizar uma confraterniza��o completa. Julga "important�ssimo um chefe espiritual, mas em Lisboa, e que superintendesse e orientasse a comunidade do Porto".(mesma reuni�o).

Como se sabe, esta n�o ser� a op��o decidida, nem por Barros Bastos, nem pelos comit�s de apoio aos marranos que se criam em Londres e Amsterd�o.�����

A 2� Guerra e o Papel da Comunidade no Apoio aos Judeus Refugiados

A subida ao poder de Hitler, na Alemanha, e a implanta��o do nazismo v�m provocar grandes altera��es no mundo europeu e, se bem que de uma forma diferente, tamb�m em Portugal.

Logo a partir de 1933 come�am a chegar as primeiras vagas de refugiados, sobretudo alem�es,� a Portugal� e a Comunidade e o Hehaver v�o criar, logo em 1933, a COMASSIS, Comiss�o Portuguesa de Assist�ncia aos Judeus Refugiados, presidida primeiro por Adolfo Benarus e mais tarde por Augusto Esaguy.

A COMASSIS, que se mant�m at� 1941, ou seja, at� � entrada na guerra dos Estados Unidos, teve, ao longo dos seus 8 anos de vida, um papel muito importante, prestando assist�ncia moral e material a cerca de 40.000 refugiados, nomeadamente com o apoio da Cozinha Econ�mica� e do Hospital Israelita e conseguindo que a HICEM e a� JOINT (American Joint Distribution Commitee), organismos judaicos de assist�ncia aos refugiados, subsidiassem materialmente a sua ac��o, pagando as viagens e o sustento dos refugiados.(Relat�rio de A.Esaguy de 1941-Arquivo da C.I.L)

Foi tamb�m a COMASSIS que conseguiu das autoridades portuguesas as autoriza��es para a instala��o em Portugal, ap�s a queda da Fran�a, da JOINT e da HICEM, permitindo-lhes exercer a sua actividade benem�rita em Portugal.

Com a entrada na guerra dos Estados Unidas a situa��o altera-se e a Comunidade vai modificar tamb�m a sua ac��o no apoio aos refugiados.

Vivia-se, de facto, em Portugal um momento crucial. Lisboa estava inundada de refugiados - segundo os dados do Alto Comissariado Para os Refugiados da Sociedade das Na��es, s� entre a derrota da Fran�a em Junho de 1940 e meados de 1941, entraram em Portugal mais de 50 mil refugiados, muitos dos quais com vistos passados pelo C�nsul de Portugal em Bord�us, Aristides de Sousa Mendes,� em clara desobedi�ncia �s ordens de Salazar.

Com efeito, apesar da pol�tica portuguesa de neutralidade, no quadro da tradicional alian�a de Portugal com a Inglaterra, apesar da abertura das fronteiras para o tr�nsito dos refugiados, a Pol�cia Pol�tica portuguesa era contr�ria ao acolhimento em massa dos refugiados, indesej�veis pol�tica e ideologicamente.. Um telegrama do Ministro dos Neg�cios Estrangeiros, enviado para a Lega��o de Haia a 23 de Abril de 1940, diz o seguinte:" Crescente aflu�ncia judeus a Portugal e actividade que aqui desenvolvem tornam inconveniente segundo opini�o Policia Vigil�ncia e Defesa do Estado continue ser-lhes permitida entrada no pa�s, independentemente nacionalidade interessados.(...) Nenhum visto passaporte judeus poder� ser concedido sem autoriza��o deste Minist�rio."(transcrito por Patrik von zur Muhlen em 'Caminhos de fuga por Espanha e Portugal').

Nesta situa��o dram�tica, o Presidente da Comunidade Israelita de Lisboa , Mois�s Amzalak, toma duas iniciativas que v�o ter uma grande import�ncia para os refugiados. Utilizando o seu bom nome e a sua credibilidade- Amzalak era, j� nessa altura, vice reitor da Universidade T�cnica de Lisboa, autor de numerosa bibliografia e, facto muito importante, tinha estudado em Coimbra com Salazar, gozando da sua confian�a - o presidente da C.I.L vai falar com Salazar, vai interceder junto dele para manter abertas as fronteiras para o tr�nsito dos refugiados.

Em segundo lugar, prop�e aos dirigentes da JOINT e da HICEM assumir directamente, atrav�s da pr�pria estrutura da Comunidade, o apoio aos refugiados, o que � aceite com al�vio e grande satisfa��o como est� expresso na correspond�ncia de Dezembro de 1941(Arquivo da C.I.L.).

Com efeito, devido � entrada na guerra dos E.U., era incerta a possibilidade de perman�ncia em Portugal das organiza��es americanas de assist�ncia aos refugiados.

Por outro lado, quer do ponto de vista financeiro, ( era necess�rio que o dinheiro da Am�rica viesse em nome de pessoas ou entidades portuguesas ), quer do ponto de vista do relacionamento com as autoridades portuguesas, nomeadamente com o Minist�rio dos Neg�cios Estrangeiros e com a PIDE, era fundamental um organismo portugu�s, um interlocutor que gozasse de respeitabilidade e de credibilidade. � assim criada a Sec��o de Assist�ncia aos Refugiados da Comunidade Israelita de Lisboa, dirigida por Elias Baruel, Vice-Presidente da Comunidade, que ir� funcionar at� meados dos anos 50.

Embora pequena, a Comunidade judaica de Lisboa desempenhou um papel importante.� Composta por m�dicos, juristas, professores e negociantes, bem integrados na sociedade portuguesa, chefiada por um homem que gozava da confian�a do poder, a comunidade soube colocar� essas caracter�sticas ao servi�o dos refugiados, dando assim um valioso contributo ao salvamento de milhares de pessoas. Foi o interlocutor certo, no momento certo.

A travessia do deserto

A pol�tica portuguesa de abertura das fronteiras, antes e durante a guerra, permitiu salvar dezenas de milhares de pessoas que de outro modo teriam perecido.

Mas o receio da influ�ncia de ideias e comportamentos considerados subversivos, por um lado e, por outro, o receio de vir a constituir-se em Portugal um minoria judaica forte, podendo eventualmente criar-se uma "quest�o judaica" (Portugal n�o tem nenhum problema judeu, mas seria insensato permitir que tal viesse a acontecer - palavras do Secret�rio Geral do Minist�rio dos Neg�cios Estrangeiros, Luiz Teixeira de Sampaio, em Julho de 1939), estes receios levaram a que Portugal n�o permitisse nem beneficiasse de uma instala��o duradoura dos refugiados.

Assim, contrariamente �s previs�es e � esperan�a de muitos judeus portugueses, permaneceram em Portugal, muito poucos refugiados, perdendo assim a comunidade uma oportunidade �nica de crescimento e desenvolvimento a n�vel religioso, cultural, etc.

Os poucos que ficaram, alguns de grande valor, como o Prof. Kurt Jacobson que foi reitor da Faculdade de Ci�ncias de Lisboa, alteraram, no entanto, as propor��es maioritariamente sefarditas da Comunidade.

Assim, em 1892,� entre os nomes dos 131 chefes de fam�lia israelitas recenseados, apenas 4 s�o asquenazim ( um dos quais �, ali�s o ministro oficiante da sinagoga Es Haim 2�, Rev. Wolfinsohn). Ainda nos anos 20, j� no nosso s�culo, em 179 contribuintes, apenas 12 s�o asquenazim.

Em 1950, a situa��o � totalmente diferente: numa lista de 290 chefes de fam�lia contribuintes, 164, ou seja, mais de metade s�o asquenazim. Em 1960, mant�m-se sensivelmente a mesma propor��o.

Efectivamente, como acima foi referido, alterou-se a composi��o da comunidade, devido em primeiro lugar, � imigra��o de judeus russos e polacos, essencialmente no primeiro quartel do sec. XX e, depois, � vinda e instala��o definitiva de algumas fam�lias refugiadas da Alemanha, da �ustria e da Europa Central, durante a 2� Guerra.

� de notar, no entanto, que esta altera��o de propor��es tamb�m se deve ao desaparecimento, por� assimila��o progressiva, de nomes sefarditas, nomeadamente, Bensliman, Benarus, Cardoso, Conquy, Dray, Pinto, e tantos outros. Nomes t�o importantes como o de Anahory� est�o, em 1960, reduzidos a uma pessoa.

Apesar desta assimila��o progressiva, a comunidade mant�m o seu funcionamento regular: em 1951, uma circular da Direc��o, datada de Mar�o, refere a realiza��o de dois e, por vezes tr�s servi�os religiosos di�rios, na Sinagoga Shaar� Tikv�. Em 1961 e 62, as actas das Assembleias Gerais d�o conta da exist�ncia de um "minian" ( colectivo m�nimo de dez homens necess�rios � ora��o colectiva) di�rio, de manh� e � noite, na sinagoga. Existem, nessa altura, dois "Hazanim" (oficiantes) e dois " Shohatim" (praticantes do abate ritual), o que pressup�e uma vida judaica bastante activa.

No entanto, a leitura atenta destas actas revela alguns problemas importantes.

Em primeiro lugar, o problema, nunca verdadeiramente resolvido, da educa��o judaica A Escola Israelita, criada, como j� foi referido, em 1922, teve de fechar as suas portas em 1937, por falta de um n�mero suficiente de alunos, capaz de viabilizar a escola. Sucederam-se, ao longo dos anos, diversas tentativas de solu��o, desde a cria��o de� um jardim infantil, aulas na Sinagoga, no Centro Israelita, no Liceu Franc�s, mas� o problema nunca foi de facto resolvido de forma satisfat�ria, com pesadas consequ�ncias para a vida comunit�ria.

Outro problema, � a constante press�o da quest�o financeira. Em 1961, a receita mensal era de 10 mil escudos e a despesa de 40 mil. O d�fice era suportado pela "Guemilut� Hassadim", associa��o israelita de socorro na hora extrema e funerais, o que reflecte uma outra realidade preocupante da Comunidade, ou seja o envelhecimento da sua popula��o. Com efeito, entre 1961 e 1962, tiveram lugar , 5 nascimentos, 3 casamentos e 15 falecimentos, sendo, pois, o saldo claramente negativo.

As institui��es comunit�rias tamb�m se v�o reduzindo, reflectindo, por um lado, as limita��es comunit�rias e, por outro, as altera��es� da pr�pria sociedade envolvente. Assim , deixam de existir, em 1960, o Hospital Israelita e a Cozinha Econ�mica. A assist�ncia aos pobres continua a ser feita pela� associa��o de benefic�ncia "Somej Nophlim" (Amparo dos Pobres), mas em presta��es monet�rias, o que altera por completo o significado da pr�pria benefic�ncia e a rela��o entre benem�ritos e beneficiados.

Os anos 60 s�o um per�odo muito pouco auspicioso para o juda�smo portugu�s: o desencadear da guerra colonial em 1961 e que se prolonga at� � revolu��o de Abril de 1974 e o massivo movimento de recusa da guerra, por parte da juventude portuguesa, tem, como n�o podia deixar de ser, um eco profundo nos jovens judeus, tanto mais que morrera, em Angola, o jovem judeu Meir Kopejka, em 1961. Nos anos 60, praticamente toda uma gera��o de jovens judeus, sai de Portugal, fundamentalmente para Israel, o que do ponto de vista comunit�rio trar� graves e duradouras consequ�ncias, alterando a normal estratifica��o et�ria.

Por outro lado, a d�cada de 60 representa, em Portugal, o per�odo mais cinzento da ditadura salazarista, os anos da sua decad�ncia e degrada��o a todos os n�veis, mas, simultaneamente, os anos em que mais se agarra ao poder. Embrenhado numa guerra sem fim, isolado internacionalmente, o regime abafa e reprime qualquer lufada de ar fresco suscept�vel de o p�r em causa.

Esta situa��o tamb�m se reflecte no juda�smo portugu�s que se fecha, de certa maneira, sobre si pr�prio, remetendo-se prudentemente para um "low profile", pouco estimulante, tanto mais que a hierarquia da Igreja Cat�lica era um dos pilares do regime.�

A abertura pol�tica� e os judeus em Portugal, hoje

Com a Revolu��o de Abril de 1974 �iniciam-se mudan�as profundas na sociedade portuguesa e na� rela��o desta com os "seus" judeus.

A abertura pol�tica e a instaura��o da democracia� e da liberdade em Portugal, vai permitir� um outro olhar sobre a hist�ria e a identidade nacional.

� vis�o nacionalista estreita, sucede a consci�ncia da import�ncia das� heran�as �rabe e judaica. Abrem-se os arquivos, surge � luz do dia a riqueza do contributo judaico, desde os prim�rdios da nacionalidade at� ao decreto de expuls�o, no sec. XV, mas, tamb�m, os horrores das convers�es for�adas , a longa noite da Inquisi��o, as discrimina��es dos crist�os novos.

Portugal descobre-se e ao descobrir-se encontra-se com os seus judeus. O pedido de perd�o simb�lico de M�rio Soares, ent�o Presidente da Rep�blica, em 1989, pelas persegui��es que os judeus sofreram em Portugal e a Sess�o Evocativa dos 500 anos do Decreto de Expuls�o dos Judeus em Portugal, em Dezembro de 1996, no parlamento portugu�s, na qual foi votada, por unanimidade, a revoga��o simb�lica do Decreto, marcam, de facto, um virar de p�gina no relacionamento m�tuo.

Cresce muit�ssimo o interesse, n�o s� dos estudiosos, mas de vastos sectores da popula��o sobre as quest�es judaicas , paralelamente a um processo de identifica��o hist�rica, por parte de grupos significativos da popula��o. Basta dizer que, no �ltimo censo, cerca de seis mil pessoas declaram-se judias, provavelmente por serem, ou se considerarem, descendentes de crist�os-novos.

Este interesse reflecte-se na Comunidade, atrav�s de solicita��es crescentes que v�o desde os in�meros pedidos de visitas de escolas � Sinagoga, at� � organiza��o de cursos, palestras e semin�rios sobre juda�smo o que, de certo modo, veio abalar� a tranquilidade da Comunidade obrigando-a a abrir-se e a dar respostas para as quais nem sempre estava preparada.

Mas hoje em dia j� n�o � poss�vel viver fechado sobre si mesmo. A comunidade judaica, como qualquer outra minoria, integra-se num corpo social, relativamente ao qual tem direitos e deveres, n�o apenas individualmente, mas como colectivo. � este, ali�s, o sentido da nova Lei de Liberdade Religiosa, ao regular o pleno exerc�cio da pr�tica religiosa, n�o apenas dos cidad�os, mas das colectividades religiosas.

Sobre a Comunidade Judaica portuguesa exercem-se, actualmente, duas� for�as de press�o, algo contradit�rias:

bulletuma, semelhante � que se exerce em todo o mundo ocidental democr�tico, que � a press�o da sociedade, tendente a assimilar, a absorver, a neutralizar� e a esbater as diferen�as. Esta press�o resulta numa assimila��o progressiva, consequ�ncia , n�o apenas dos casamentos mistos, mas da pr�pria integra��o quotidiana dos judeus na sociedade.
bulleta outra for�a de press�o � aquela que confronta a comunidade actual com a mem�ria do passado. Para grande parte das pessoas interessadas nas quest�es judaicas e at� mesmo para muitos historiadores, os arqu�tipos e modelos judaicos s�o fornecidos, n�o pelo juda�smo portugu�s actual, demasiado reduzido e relativamente recente, mas pelo juda�smo portugu�s medieval ou pelo marranismo.

Os judeus portugueses v�m-se, assim, confrontados com presen�as, que s�o presen�as ausentes, porque pertencem ao passado, mas com as quais t�m de fazer um esfor�o permanente de compara��o, identifica��o e demarca��o, sob risco de n�o conseguirem construir uma identidade pr�pria.

Na realidade, estas press�es exercem-se sobre uma comunidade em crise, sob v�rios aspectos.

Em primeiro lugar, uma crise de sobreviv�ncia f�sica. A tend�ncia para o envelhecimento que j� se verificava nos anos 60, acentuou-se: em 1996, faleceram 14 pessoas e foram registados 3 nascimentos. Do ponto de vista quantitativo, a comunidade quase duplicou o n�mero de contribuintes, relativamente h� 20 anos, mas parte desses novos membros, encontram-se em Portugal temporariamente, por necessidades do mercado europeu, o que, sendo um fen�meno positivo, d� poucas garantias relativamente ao futuro.

� Em segundo lugar, uma crise espiritual. O lugar e a import�ncia da religi�o na vida das pessoas mudou completamente. Para grande parte delas, o juda�smo deixou de ser uma forma de vida com regras rigorosas que iam desde a frequ�ncia ass�dua � Sinagoga, passando pelo consumo de comida casher, at� ao conv�vio social, fora e dentro das diferentes institui��es judaicas, para se transformar numa vaga rela��o afectiva ou de fidelidade ao passado.

Deixaram de se realizar� servi�os religiosos di�rios, mantendo-se apenas os semanais do "Shabat" e das festas do calend�rio judaico, reduziu-se tamb�m drasticamente a pratica da "casherut" (alimenta��o, segundo as regras judaicas).

Embora esta evolu��o n�o seja exclusiva de Portugal, verificando-se praticamente em todos os pa�ses e em todas as comunidades religiosas, na juda�smo portugu�s e particularmente no juda�smo lisboeta, faz-se sentir duramente a falta de uma verdadeira lideran�a espiritual e religiosa, e de uma educa��o judaica regular.

Contrariamente a outras comunidades maiores, n�o � f�cil, para o juda�smo portugu�s, devido em parte, � sua reduzida dimens�o, encontrar em si pr�prio as for�as da sua renova��o. Mas, seja como for, essa renova��o tem de se operar em di�logo permanente com a sociedade envolvente e nunca � margem dela.

(Artigo publicado na Revista Hist�ria n.� 15, em Junho de 1999)

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